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13) Um Dia como nenhum Outro

  • Foto do escritor: O Peregrino
    O Peregrino
  • 1 de mar.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de jun.

Pequenos milagres ainda acontecem — basta ficar atento. A previsão do tempo, tantas vezes portadora de céu cinzento e chuva, prometia algo quase inacreditável: um dia inteiro sem chuva. Sol, algumas nuvens e as condições perfeitas para uma aventura.


De manhã cedo, Jürgen e Huayna arrumaram as mochilas e embarcaram novamente no trem para Lindau. Caminharam brevemente pelo charmoso centro histórico, com os passos leves de expectativa. Em uma agência de viagens, reuniram dicas de trilhas no Allgäu e pegaram um mapa de trilhas — seu bilhete para o mundo aberto e verde além da cidade.


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E então partiram.


Com passos largos e ávidos, saíram de Lindau em direção à fronteira com a Áustria. As ruas lentamente deram lugar a estradas rurais, que por sua vez se desdobraram em trilhas na floresta. Cada passo os afastava mais da agitação da cidade, aprofundando-se no abraço da natureza. Os olhos de Huayna brilhavam de entusiasmo enquanto subiam pela mata fechada, cruzavam pequenas vilas e respiravam o ar puro e vibrante das colinas.


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O objetivo deles era Möggers, uma comunidade montanhosa aninhada no Vale Leiblachtal, bem na serra de Pfänderstock. Se você se posicionasse no lugar certo, conseguiria avistar a extensão de Lindau e o Lago de Constança estendendo-se como um sonho azul a oeste.


Durante a caminhada, avistaram ao longe a passarela aérea de Allgäu — uma delicada teia de trilhas que se estendia acima do solo da floresta. Com 540 metros de comprimento e 40 metros de altura em seu ponto mais alto, a passarela aérea parecia flutuar entre a terra e o céu. Embora o tempo não permitisse uma visita, o simples fato de vê-la adicionava uma sensação de maravilha à jornada.


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Logo chegaram ao topo de uma colina onde um prado se abria diante deles — um oceano infinito de dentes-de-leão amarelos, brilhando ao vento como um tapete dourado. Uma única árvore murcha, teimosamente erguida contra o céu, e uma casa de fazenda solitária completavam uma cena tão pitoresca que nenhum pincel de artista poderia tê-la capturado com mais perfeição.


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Mas seu verdadeiro tesouro os aguardava nas profundezas da floresta.


Eles entraram na ravina de Sägetobel, lar da "Floresta Cheia de Segredos". Uma trilha circular, aventureira e sinuosa, os levou por pontes suspensas e por entre imponentes faias. Ali, a natureza sussurrava suas histórias em cada farfalhar das folhas e no gorgolejo dos riachos escondidos.


Eles se demoraram em uma cabana de madeira, atravessaram uma cabana de madeira conversível e encontraram redes e bancos onde podiam ouvir — realmente ouvir — o ritmo ancestral da floresta. O canto dos pássaros, o suave suspiro do vento, o crepitar de criaturas invisíveis se movendo na vegetação rasteira. O tempo pareceu se dissolver. Por algumas horas perfeitas, não havia mundo além das árvores.


A própria ravina guardava a memória da antiga serraria que outrora explorava o poder das cachoeiras. Agora, apenas o nome permanecia — Sägetobel —, pois a natureza havia gentilmente recuperado o passado, transformando madeira em húmus, trabalho em paz.


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Para Jürgen e Huayna, foi um dia que ficou marcado para sempre em seus corações. Um dia de risos, de admiração silenciosa, de pertencimento — um dia que jamais seria esquecido.


E também foi um dos seus últimos dias na Alemanha.


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Com o coração pesado, mas repleto de gratidão, eles logo se despediriam da mãe de Jürgen — que agora se recuperava bem — e de seu gentil companheiro, Hermann. Voltariam a encarar o Brasil, carregando consigo memórias tecidas com sol, florestas, prados e o profundo e duradouro amor da família.

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Publicado: 10/05/2025

 
 
 

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